Névoa…um céu nublado…tempestuoso…as nuvens desta noite tinham um aspecto sombrio, que realçava assustadoramente o clima de terror que se encontrava no cemitério…onde o clima monótono da normalidade vai embora e dá lugar ao paranormal que se encontrava na mais súbita sombra… e agora se mostra presente…na forma de um ser…um ser que não se mede por sua aparência… e sim pela suas capacidades…consideradas mortais…não há mais para onde fugir…a morte está sempre à espreita.
O homem misterioso emana uma energia maligna perceptível aos olhos de Pedro, ele aparenta ser um justiceiro das sombras que faria de tudo para vingar as vidas que forma ceifadas por ninguém menos que ele… sim, o ceifador, que vira sua atenção diretamente para o tal homem vestido de preto “armado” com um crucifixo. Tudo fica em um silêncio que permanece estático por alguns milissegundos, até que o homem se aproxima do ceifador para lhe desafiar, ele dá poucos passos, e diz em tom ameaçador:
- Vou fazer você sentir medo, não vai mais atormentar inocentes.
Pedro desconfiava do homem, o ceifador o responde sendo arrogante:
- Se achas tão valente a ponto de me enfrentar, mero mortal, triste criatura que ainda não se deu conta de sua tamanha insignificância, saia daqui imediatamente se não quiser morrer. – diz ele debochando do homem.
O homem ergue seu crucifixo apontando para o ceifador e diz algumas palavras incompreensíveis que Pedro mal entendia, o ceifador tenta se proteger usando a foice mas é inútil, as palavras tinham um poder incrível fazendo o ceifador se contorcer e de repente desaparecer. Pedro se sente inseguro, pois sabe que mais cedo ou mais tarde o ceifador viria a atormenta-lo novamente, o homem se aproxima dele lhe estendendo a mão para que se levante, mesmo receoso Pedro aceita a ajuda.
André, Flávia e Lívia estão desmaiados, as correntes tinham desaparecido, porém, os ferimentos continuavam expostos nos três, o homem decide ajuda-los, antes dele se aproximar dos três, Pedro pergunta desconfiado:
- O que vai fazer com eles? – diz achando que o homem iria fazer alguma atrocidade aos seus amigos. O homem responde com um sorriso no rosto:
- Não se preocupe, estou aqui para ajuda-los, eu fico neste cemitério depois das dez, sou um caçador de fantasmas, meu nome é Oliver, senti a presença do ceifador de longe, sabia que estavam em perigo e não pude deixar de ajuda-los, suas vidas já estavam quase no fim…acredito que ele lhe atormentou muito.
Pedro se apresenta para o homem e pede algumas explicações:
- Meu nome é Pedro, preciso que me responda todas as perguntas, eu quero respostas. – diz apressado.
O homem lhe mostra um livro, um livro grosso, que em sua capa apresenta um símbolo estranho, Pedro pega o livro e o abre passando as páginas, ele pergunta sem entender nada, questionando o que está escrito no livro:
- Eu não entendo nada do que está escrito nesse livro. O que quer que eu faça?
O homem pega os corpos de Lívia e Flávia e o aconselha a irem para um lugar seguro:
– Vamos, precisamos sair desse ponto onde tudo aconteceu, sinto a presença de alguns espectros negros vagando entre nós, eles são aliados do ceifador, são almas de pessoas malignas e podem possuir nossos corpos, vamos pra um lugar seguro, leve seu amigo, eu levo as duas garotas. —- disse Oliver bastante prestativo.
Pedro leva pelas costas o pesado corpo de André, os dois seguem para uma cabana que fica uns 4 quilômetros depois do fim cemitério, ao chegarem lá se deparam com um ambiente limpo e arejado, bem diferente do qual estavam antes.
Pedro joga com força o corpo de André em uma mesa pois não aguentava mais tanto peso, Oliver deixa Flávia e Lívia deitadas em um colchão velho, mas bem conservado, agora só resta esperar que os três melhores amigos de Pedro se recuperem para se prepararem para a batalha final. Pedro encara Oliver ainda desconfiado do caráter do mesmo, Oliver estranha a desconfiança de Pedro mesmo depois de ajuda-lo:
- O que houve? Por que está me olhando assim? – diz Oliver meio preocupado.
Pedro rejeita sua desconfiança e olha para o chão meio triste, Oliver chega perto e tenta consola-lo:
- Vai ficar tudo bem, nós vamos vence-lo, não vai haver barreiras no nosso caminho que impeçam a nossa vitória, acredite no que eu digo – diz o homem autoconfiante
Pedro quer que ele responda suas perguntas para que se entenda o que realmente o ceifador quer e o porque logo este cemitério, se existem vários pelo mundo:
– Por favor me responda. O que é o ceifador e porque ele quer a alma dos meus amigos e quer me manter vivo? Oliver é direto na resposta:
- O ceifador é um errante, uma criatura que pode assumir diversas formas diferentes, consegue até ficar invisível, isso explica porque não conseguimos ver o seu rosto, mas acredite, por debaixo daquela mortalha há um ser repugnante que pode se materializar e lhe atormentar para sempre. Ele veio das profundezas do inferno para fazer os humanos pagarem pelos seus pecados os matando.
Pedro fica mais curioso com essa história:
- Mas… então quer dizer que é uma criatura que tanto pode se transformar em demônio como também em fantasma?
- Sim…pode assumir as duas formas, mas sua forma fantasmagórica é a que ele mais aprecia, só assume a forma demoníaca quando é necessário e nesta forma ele se torna muito mais perigoso e…
André se levanta da mesa rapidamente desesperado:
- Então é isso, é um demônio, eu sabia que era!
Pedro se surpreende com a recuperação rápida do amigo:
- André…caramba você se recuperou rápido, que bom que você tá vivo cara.
André quer saber mais sobre o ceifador:
- Eu já estava acordado, não pude deixar de ouvir a conversa. Então quer dizer que o tal fantasma é na verdade um demônio? —-disse ele um pouco assustado.
Oliver o responde sucintamente:
- Ele é os dois, temos que detê-lo antes que ele traga uma pilha de cadáveres para o cemitério e lá mesmo fazer o seu ritual.
- Que tipo de ritual é esse? – uma voz surge por detrás de Oliver, era Flávia e Lívia, as duas estavam ouvindo a conversa, Pedro fica bastante feliz pelas duas e corre para abraça-las:
- Flávia, Lívia, que bom que vocês duas estão vivas!!!
- Ei, eu também quero participar desse abraço. —- disse André
Oliver, vendo o abraço dos quatro amigos, alerta que não hora de comemoração:
– Não cantem vitória antes do tempo, temos uma batalha pela frente.
Pedro se sente mais encorajado e transmite essa coragem para os seus amigos:
– E temos que impedir esse ritual, com certeza o objetivo de tudo isso não é nada bom. —-
Lívia pergunta para Oliver:
- Mas no que consiste esse ritual?
Oliver responde com um semblante de seriedade:
- É meio difícil falar, se vocês verem o que eu vi nunca vão esquecer e vão ficar bastante abalados -
Flávia sugere:
- É melhor nós irmos logo, vamos acabar com esse monstro.
- Sim, mas antes eu vou cuidar dos ferimentos de vocês três, ainda estão expostos e podem infeccionar. – diz Oliver querendo ajudar novamente.
- Então tudo bem, enquanto isso eu vou tentar decifrar o que está escrito nesse livro – diz Pedro olhando para o livro que está em cima de uma estante de madeira.
Depois de curar os ferimentos de André, Lívia e Flávia, Oliver prepara suas coisas, entre elas está uma espada e a guarda numa maleta grande no caso do Ceifador se transformar em um demônio, Pedro fica do lado de fora da cabana esperando seus amigos irem. Oliver vai na frente segurando a maleta com a espada dentro, atrás dele vão Pedro, Lívia André e Flávia, Oliver pergunta para Flávia o porque de não desconfiarem dele:
- Agora mesmo que eu percebi, vocês três não sabem quem eu sou e por incrível que pareça não desconfiaram de mim.
- A gente sabe que você quer nos ajudar, não iríamos desconfiar de você em nenhum momento. —- diz Flávia.
- É, nós quatro vamos contar com você nesta luta. – diz Lívia.
Ao chegarem no cemitério, o cinco ouvem um zumbido, o mesmo que Pedro ouviu anteriormente, depois de alguns segundos o barulho cessa, todos permanecem em silêncio e parados, até que um raio cai sobre o chão, mas não próximo de Pedro e seus amigos.
O ceifador surge logo na frente dos aventureiros, Pedro não perde tempo e toma o livro das mãos de Oliver e o crucifixo e fica cara a cara com a morte, ele diz as palavras que está no livro, o crucifixo brilha intensamente, o ceifador se contorce e começa a se debater no chão, André não gosta do que está vendo:
- Minha nossa…será que isso pode ficar pior!?
- Pedro!!! Já chega, se continuar apontando o crucifixo para ele mais do que um minuto ele vai se transformar! – disse Oliver tentando parar Pedro.
Pedro se aproxima do ceifador com um olhar raivoso, o crucifixo brilha intensamente a medida que se aproxima do ceifador, que se debatia no chão sem chance de se defender. Pedro acha que acabou:
- Viram só isso? Somos mais fortes do que ele, nós já vencemos essa batalha. – diz confiante.
Passado um minuto, o ceifador para de se debater no chão e começa a exalar uma fumaça negra que infesta todo o local, Pedro se afasta, Oliver o alerta novamente:
- É isso Pedro… já se passou um minuto, você deixou que ele ganhasse tempo para se transformar, agora é tarde demais!.
Flávia e Lívia ficam desesperadas.
- Pedro não chega mais perto desse monstro! — diz Flávia
- Ele tá se transformando! O que vamos fazer agora? —- diz Lívia assustada.
O ceifador se transforma em uma criatura macabra, seu corpo se materializa formando as mãos e os pés que tinham uma aparência selvagem, a mortalha se transforma na fumaça negra, a criatura mostra seu rosto…
Uns dentes afiados, olhos vermelhos e brilhantes e uma cabeça achatada, Pedro se afasta com um olhar de horror, todos ficam assustados com o que estavam vendo, a criatura pula pra cima de Pedro com extrema violência e solta um rugido ensurdecedor, Pedro dá socos na cara dela mas não surte efeito, o demônio abocanha a cabeça de Pedro que fica com o rosto todo sujo de baba, a criatura diz em voz distorcida:
- Se não vai me ajudar, não há outra escolha a não ser te matar.
Oliver pega um revolver e dispara na criatura que não sente os tiros, a munição de Oliver acaba num instante. De repente a terá começa a tremer, Pedro chuta a cara da criatura, que começa a dar uma risada maléfica caída no chão e babando um líquido preto pela boca, ela começava a se contorcer, os pés trocando de lugar com as mãos, a cabeça indo para a parte inferior do corpo.
Pedro olha com bastante horror aquela cena, da terra, que continuava tremendo, emerge um castelo enorme, o tremor para, Oliver caído no chão devido ao tremor ajuda os outros três amigos a se levantarem, André pergunta:
- Caramba, que doideira, o que é que foi isso?
Nossa…é enorme… —- diz Flávia deslumbrada com a beleza do castelo.
A criatura se levanta e abre a parte do seu tórax, rasgando a pele até o abdômen e começa a sair de dentro do corpo do demônio vários tentáculos, como se fosse sair um outro ser de dentro da criatura de tão grotesco e abominável que era, Lívia vendo a cena, abraça André e começa a chorar:
- Eu não quero mais ficar aqui, eu quero ir pra casa, quero a minha mãe!!!
-Eu também!!! – André sente a mesma dor.
Oliver abre a maleta e tira a espada, Flávia, que olha horrorizada para o demônio, pergunta para Oliver:
- O que vai fazer com isso?
- Preciso dar para Pedro, ele é quem vai matar a criatura, não há outro jeito. —- diz Oliver apressado.
Pedro está imóvel sentado no chão olhando para a criatura, não consegue se mover de tanto horror que sente, Oliver joga a espada para que ele pegue e mate a criatura:
- Pedro, pegue essa espada, tente crava-la na cabeça do demônio, é a nossa única chance, se você conseguir matar a criatura consequentemente o ceifador vai deixar de existir já que são um ser só, vamos LEVANTE!!!
Pedro ouve o pedido de Oliver e diz com bastante coragem de vencer:
- É isso…eu tenho que seguir em frente, eu sou guerreiro, eu sou um vencedor….
Ele pega a espada, se levanta e corre em direção à criatura dizendo em voz alta:
- EU VOU VENCEEEEER!!!
A criatura desvia do golpe da espada de Pedro dando um pulo, os tentáculos ricocheteiam no chão fazendo-a pular mais alto e chegar ao topo do castelo, Pedro olha o castelo e lança a espada como se fosse um bumerangue para atingir a criatura, porém, a mesma manda a espada de volta, o objeto pontiagudo vem na direção de Pedro que olha assustado com a velocidade que a espada vinha em sua direção, André corre para salvar a vida do amigo:
- Pedro, NÃAAAAOO!!!
- André, não vá!!! — alerta Oliver
André toma a frente de Pedro e em questão de segundos a espada atravessa sua garganta. Um jato de sangue é espirrado para o ar, André cai com a espada cravada entre a garganta e a nuca, o prateado vivo da espada agora é tomado pelo vermelho do sangue que não para de escorrer. Uma lágrima desce lentamente dos olhos de Pedro, se aproxima de seu amigo para tentar revive-lo, aos prantos chama pelo seu nome:
- André, por favor, fala comigo, não morre cara, NÃAAAOOO!!!
Lívia e Flávia choram desesperadamente, correm para tentar consolar Pedro, que abraça o corpo do amigo chorando, Oliver abaixa a cabeça e uma lágrima cai de seu rosto. A criatura dá um sorriso cínico e entra no castelo atravessando o telhado, lá iria fazer o ritual, o definitivo…que traçaria o destino dos três jovens.
Oliver se aproxima dos três bastante comovido com tudo o que aconteceu, ele dá o seguinte aviso.
- Sei como estão se sentindo neste momento, é como se o mundo tivesse desabado…
Pedro ainda chorando, lamenta o ocorrido:
-A culpa é toda minha, eu é quem devia ter morrido, é a mim que ele quer.
Flávia o consola:
- Você não tem culpa de nada, ele só quis te proteger, agora vai ficar em paz, bem melhor do que a gente.
- Não tenha tanta certeza. – diz Oliver
Pedro o questiona:
- Como assim? André não vai estar em paz no mundo dos mortos?
- Os espectros negros aliados do ceifador estavam presentes no momento em que ele morreu, certamente levaram sua alma para algum lugar para que seja usada no ritual.
Pedro se levanta e chega à uma conclusão:
- Esse é o plano dele, ele escolheu o menos corajoso de nós que é o André para que morresse e sua alma sirva de ferramenta extra para realizar o ritual, restando apenas nós três que somos os escolhidos dele, depois que fizer o ritual ele vai nos transformar em mensageiros da morte e descartar a alma de André como se fosse lixo.
Flávia ainda está confusa:
- Mas eu não entendo qual o objetivo desse ritual.
Oliver explica:
- A conclusão de Pedro está mais do que correta, o objetivo do ritual é transformar vocês em guerreiros que podem espalhar o caos pelo mundo para que mais pessoas morram e poupe o trabalho dele, ele escolheu vocês por serem jovens, a maioria das pessoas que visitavam esse cemitério eram anciões com mais 70 anos, vocês são os primeiros jovens que entraram no cemitério e o ceifador precisa de pessoas jovens para realizar o ritual. Lívia sente que a ficha caiu.
- Agora tudo começa a fazer sentido….não devíamos ter entrado neste cemitério, pagamos um preço muito alto perdendo o nosso amigo.
No castelo, a criatura desenha um símbolo no centro da sala de estar, o símbolo consistia em um pentagrama e ao redor dele várias velas vermelhas, a criatura coloca as mãos para o alto e começa a dizer palavras em uma linguagem estranha, o símbolo começa brilhar e raios emergem do chão até o teto fechando o ponto do ritual como se fosse um campo de força.
O brilho se intensifica à medida que as palavras que a criatura diz ganham força. Oliver percebe uma intensa luz vermelha vinda do castelo, era o ritual que estava se iniciando, era o momento certo para impedir que o pior acontecesse. Pedro fica intrigado com a tal luz:
- Mas o que tá acontecendo?
- Começou….o ritual começou, o demônio está dentro do castelo, é hora de nós agirmos. – diz Oliver preparado para enfrentar a criatura.
- O que estamos esperando? Vamos logo, vamos detê-lo! – diz Lívia confiante.
Os quatro correm em disparada para o castelo, Pedro tira a espada do corpo de André e corre com sentimento de vingança fervendo no seu sangue:
- Vamos lá, vamos vingar a morte de André!!!
Oliver tira de seu bolso um cetro mágico que usaria como arma. A batalha contra o mal estava prestes a começar e tudo pode acontecer neste imprevisível confronto mortal.
E aí?
De que lado você está?
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