24 de mai. de 2015

A Maldiçao Que Cura - Capítulo X

No outro dia, a cidade se escandalizava, um médico renomado, de grande reputação, fora achado morto em um parque, juntamente com um casal. Um caso passional, essa foi a imagem que ficou. Cristina se sentia renovada, assim que amanheceu, saiu de casa para ver a reação das pessoas, era final de semana, e o que ela viu a deixou de alma lavada, a boa imagem de Augusto estava destruída. 

    O grande médico acabou para a cidade, se perdeu em uma história de escândalo. O funeral não demorou em acontecer, e Cristina fazia o papel da triste e inconsolável viúva, afinal, viúva que se preze tem que demonstrar tristeza.


     Quando o caixão estava baixando, ela se despediu do marido assassino, pois o amor que ela tinha por ele, acabou indo também para debaixo da terra. Depois à noite, sozinha, retornou ao cemitério, pisoteou no túmulo do marido, e prometeu a si mesma que nunca mais ninguém a magoaria novamente, nascia ali uma nova mulher.
                  
     Em seguida, a moça retira-se do local com a sensação de vitória no seu coração, o inferno tinha ficado para trás. No caminho para a sua casa, veio à sua mente as boas lembranças com Augusto que não mais voltarão. Quando Cristina chega em frente ao portão para abri-lo, repentinamente o mundo escurece, ela não vê mais nada.

     Logo depois, abrindo os seus olhos, se vê dentro de um quarto todo branco, deitada em uma cama, como que por instinto, percebeu que se encontrava no mesmo hospital onde trabalha, assustada Cristina indaga: 

     -Por que estou aqui? - Que lugar é esse? - Indaga a moça agoniada. 

     - Calma, pode ficar tranquila, está tudo bem! - Respondeu o homem de branco.

     O homem se apresentou a ela, era um médico, acabara de chegar na cidade, até lembrava um pouco a fisionomia de Augusto. O médico a acalmou e a parabenizou. Estranhando a atitude do médico, perguntou o porquê do parabéns: 

      - Parabéns por que doutor?

      Ele com um sorriso nos lábios respondeu:

     
     - Você está grávida e a parabenizou novamente.

Dito isto, o chão se abriu à sua frente, parecia que os problemas teimavam em retornar, porém, Cristina  se recompôs e sem hesitar indagou ao doutor se ele tinha certeza absoluta sobre isso.

     Prontamente a resposta foi categórica:

     -  Sim, pode comemorar, e é um menino! - Completou o médico.

   Cristina devolveu com um sorriso amarelo, e agradeceu ao doutor pelo atendimento. Após o agradecimento ele se retirou do quarto, em seguida o hospital a liberou e a moça foi para casa. Lá chegando, uma tristeza se abateu sobre a sua alma quando viu a sua casa vazia, sem ninguém para conviver. Apesar disso conseguiu recuperar o ânimo, afinal, a vida segue em frente, ao mesmo tempo, que tinha em seu poder, a sensação de ser uma sobrevivente, depois de todo o ocorrido.

    Meses depois, Cristina era só felicidade, a data do nascimento do bebê está próxima, até o berço já fora comprado, e além disso, tudo estava preparado para recepcionar o novo ser que se encaminha.

     Certa noite, a futura mamãe pede para sair mais cedo do trabalho, pois se encontrava com uma forte dor de cabeça. Chegando em sua residência não perde tempo e toma o medicamento. Assim que fez isso, subiu às escadas e foi tomar banho, e não demorou muito se dirigiu para a cama. 

     O  cansaço a fez dormir rapidamente. Lá pelas tantas, um barulho a acordou, ainda atordoada pelo remédio que havia tomado, levantou-se para ver o que era. Ela notou que o som parecia um grunhido de um animal. Para o seu espanto quando se encaminhou até a porta, reparou que dois olhos avermelhados a observava de dentro do berço. Seu sangue gelou no mesmo instante, uma energia negativa pairava no ar.

    Como que por instinto, Cristina corre para a porta, feito isso, de dentro do berço, um lobisomem salta em suas costas, derrubando-a em seguida.  A moça desesperada clamou!

     - Meu Deus, ajude-me!

    Indiferente a seu pedido de socorro, a fera começa a rasgar o seu corpo, enfiando suas garras em suas costas, o sangue jorra por todos os lados no interior do quarto. A morte é certa, mas o despertador toca,  e a chama para mais um dia. Ela dá um pulo na cama e logo compreende que é apenas um pesadelo, um terrível pesadelo por sinal. Suando em bicas, percorre até o lavabo e se enxagua, saindo de lá vai até o quarto, senta em sua cama, olha para o seu ventre e o acaricia, e depois diz:

   - Eu estou aqui meu filho, pessoa alguma irá feri-lo, seja você humano ou não!  -  Finalizou Cristina.

     E o amor entre Augusto e Cristina, apesar de tudo, ainda deixou uma semente. Como essa semente irá germinar, apenas o futuro dirá! 

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